Ponteiros pesados do relógio

O relógio marcava 4h 8min, odiava a insônia causada pela minha ansiedade. Mas tudo bem, eu iria levantar, ir ao banheiro, depois voltar à minha caminha e dormir profundamente. Apaguei o abajur assim que deitei, viajei entre pensamentos e ideias, meu quarto escuro podia ser inspirador. Uma pena que eu me sentia bloqueada a apenas uma coisa: A saudade. Eu entendo que teve que ir, mas porque teve que levar meu coração? Você disse que voltaria em alguns dias, não precisava ter levado com você...

4h 10min olhei no relógio novamente, mas que droga, além de levar meu coração deixou muito tempo a mais para eu ficar sem você... O tempo... Einstein estava certo ao elaborar a teoria da relatividade no século passado, é só observar, 45 minutos numa aula de física parece algo interminável. 45 minutos assistindo Teen Wolf é tranquilo, até vou querer outro episódio. 45 minutos contigo ao meu lado, nem dá pra perceber, porque a única coisa que não me importo é em olhar o relógio.

O tempo é precioso, não acredito que podemos colocá-lo em números dentro de um relógio. Compromissos e uma rotina cansativa que nos prende num cubículo doentio, onde todos fazem a mesma coisa com medo de arriscar algo novo. Sair da caixinha é um desafio, está tudo ali, você sabe até onde deve ir, mas se ficar pra sempre jamais saberá até onde pode ir. Não há barreiras para sua capacidade, a única coisa que nos impede somos nós mesmos de prosseguir, fazer algo novo pode ser um desafio, mas se a tentativa for para si e não para os outros, vai valer a pena. Mudanças são necessárias, principalmente se são de dentro pra fora.

Somos incríveis por dentro, tudo o que podemos sentir... E de todos os sentimentos, eu estava presa na saudade... O relógio com ponteiros pesados brincava comigo. Eu não aguentava mais, parecia que eu ia explodir por dentro. Não havia dor, havia só um desconforto sobre o quão longe eu ainda estava de te ver, é frustrante... Eu não poderia talvez medir em palavras o que me faz sentir. Sei que hoje em dia as pessoas preferem o específico, saber exatamente tudo sobre tudo, mas se fosse assim, qual a graça seria? Nunca ter um mistério novo para resolver, uma galáxia nova para desbravar... Ah a galáxia, me lembro tanto de você. Tive que abrir a janela e observar as estrelinhas brilhando no céu, onde você estaria agora? Por que não me mandou uma mensagem?

Quando eu começo a pensar em algo para me distrair minha mente me traz de volta a você, por que esse jogo comigo? Por que não conseguimos sarar a dor de dentro? Se você cair, é só passar uma pomada e tudo bem, mas não há remédio para saudade... Mas o que é a saudade afinal, um sentimento que os poetas diziam ser nobre, desculpa, não vejo nada de nobre em sentir a falta de alguém, não importa o quanto chore e esperneie, o tempo não passa mais rápido e a pessoa não irá se materializar na sua frente no exato momento da sua crise.

Sei que toda essa choradeira pode ser drama e daqui um tempo pensarei "Por que fiz todo aquele escândalo, eu era tão bobinha..." Justo, mas saber disso, não irá diminuir a saudade agora.

Aliás, a palavra saudade é uma das mais difíceis de ser traduzida, assim como é difícil de senti-la... Não sei se conseguiria descrever em outras simples palavras da língua portuguesa, mas se for pra ser poética, eu sinto apenas o espaço vazio onde meu coração devia estar, mas você o levou.

Olha só, poucos minutos se passaram... 4h 15mim... Traga logo meu coraçãozinho, em troca te darei o amor que há dentro dele.